Opressão

10 11 2010

 

Não conto com a coragem. Não conto com o futuro.

Não conto com o dilema nem com a escolha.

Não conto sobreviver.
Luz e som, tudo me ultrapassa.

Não conto com o badalar de um tempo que me arrasa,

Sou flutuante partícula estanque

A vida passa-me pelo pescoço em trajectória rasante

 

Não conto morrer duas vezes





Watching Sky

27 04 2010





11 02 2010

Conforto: s.m. Nova força, Novo Vigor, Bem-estar, Fig. Consolação, Comodidade, Aconchego





Na ausência da cor

18 01 2010

Contraste.





Movimento Circular

13 12 2009





Quem vem e atravessa o rio

3 12 2009

De rever-te nessa altivez.

(A ti, Invicta)





They say it fades if you let it

29 10 2009

z5

z6

z7

I’ll snuff it out





Memórias Forjadas

17 10 2009

Lessons_by_AngelicWatcher

A vida como uma sucessão de momentos, um momento como o encontro de várias vidas. Não há nada para recordar para além do que é  percepcionado e registado, nada para lembrar para além do que se adquiriu.

O resto não existe. Mil vidas desaparecidas numa noite não foram mil vidas se nada nem ninguém que o registe ou descubra. E, se esse alguém não o comunicar – e se ninguém estiver lá para ouvir – então aquilo que foi desaparece a menos que outro alguém o reencontre.

A vida como encontro e perda.





Vertigo

12 10 2009

Insider_by_AngelicWatcher

Esta é antiga, um dos primeiros registos a preto e branco dos quais verdadeiramente me orgulhei. A história dela é engraçada, porque basicamente eu e uma amiga andávamos pelo Palácio – nos primeiros passos fotográficos que demos – em busca de algo para registar. Eis que nos deparamos com uma espécie de tronco esquisito e, possuídos, começamos a correr na sua direcção, para ver quem é que o aproveita primeiro. Apesar dela ter ganho, eu fui o primeiro a meter a máquina no interior desta coisa-escultura, e depois lá voltamos para casa, mais contentes 😛

Aproveito agora para vos deixar com algo que me tem enchido a cabeça, e que de alguma forma me alegra mais quando estou vendo images. É provável que venha a aproveitar de vez em quando para pôr música no blogue, apesar de não vir a ser algo recorrente…  A banda chama-se XX, o tema é “Crystallized”, e eu aceito-o como algo refrescante e que me viciou um bocadinho, vá.





O Desejo de Ser

10 10 2009

She_was_always_a_broken_girl_by_AngelicWatcher

O silêncio desceu sobre mim como um suave véu de seda transparente, isolando-me do mundo, isolando-me de mim mesmo. Apenas um suave eco me mantinha acordado, sóbrio na minha inadvertida contemplação, e era ele que percutia o meu coração e fazia com que eu conseguisse respirar após o segredo que acabara de espiar.

Duas janelas, duas. E, por uma pequena frincha que elas não podiam cobrir – uma minúscula reentrância pela qual luz vertia com a intensidade de uma manhã fresca – eu vira o mundo, vira beleza proporcional a alma. Uma expressão eloquente, firme e enternecedora, esse espírito que me quebrava só de recordar, só de o lembrar no seu explendor. É impossível recompor-me agora. Isto sou eu; sóbrio e quebrado.

De onde vem esse teu encanto, ó musa? Vejo-te agora uma segunda vez, e pareces-me ainda mais esplêndida que da primeira, passando  por mim, de perfil, os teus olhos ligeiramente baixos por entre as tuas pestanas longas. Parece-me que me olhas, mas certamente sonho. Parece-me que os saltos dos teus sapatos – quão belos serão eles? – querem que o meu coração se lhes una na sua incansável canção, que o vermelho que vestes me provoca e desafia a ir ao teu encontro. Parece-me que me podes querer, que me podes ter visto.

Parece-me que te quero. Isto sou eu, ébrio e quebrado. Parece-me que já ofego ao doce aroma do teu cabelo, trazido até mim mesmo através da mácula do fumo e do som.  Isto sou eu, ansioso e quebrado. Parece-me que te sentas com a deliberação necessária, com a suavidade necessária, com a doçura necessária.

Isto sou eu, enternecido e quebrado.. Ciúmes e sensualidade. Os olhos como o foco da minha curiosidade, a beleza como o indicador da profundidade do teu ser, as palavras que poderás dizer como o combustível para o fogo egoísta que arde na minha alma insaciável.

Não tens de ser minha, não tens de ser perfeita. Deixa-me consumir-te, apenas, deleitar-me com todos os defeitos assombrosos que mancham o esterco que certamente serás. Vicia-te em mim. Arde em mim. Alimenta-me, mesmo que saibas que jamais te poderás satisfazer com a sensação de me chegares.

Arde em mim; em breve serás cinzas.

Isto sou eu, insatisfeito e insaciável.